
Módulo 1
Módulo 1
Período de 1914 a 1934 - do nascimento até o início da vida religiosa.

NASCIMENTO
No dia 26 de maio de 1914, nasceu Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes (Santa Dulce dos Pobres), na rua São José de Baixo, bairro do Barbalho, freguesia de Santo Antônio Além do Carmo, Salvador-BA. Segunda filha de Dr. Augusto Lopes Pontes e de Dona Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, foi batizada em 13 de dezembro, no mesmo ano do nascimento. Foram seus padrinhos, os irmãos Joaquim e Úrsula, da família Martins Catharino.
Santa Dulce dos Pobres aos dois anos de idade.

A família (da esquerda para a direita): Maria Rita (Santa Dulce dos Pobres), seu pai, Dr. Augusto, seus irmãos Aloysio e Augusto, sua mãe, Dona Dulce, com Geraldo no colo, e sua irmã Dulcinha. Nota-se que Maria Rita é a única que sorri. Nesta época não era costume tirar fotos dessa forma, uma atitude que representa a menina alegre e de bom humor que sempre foi.
A FAMÍLIA
Nascida em uma família onde a ação social, a vida de oração, piedade e caridade faziam
parte do dia a dia, Maria Rita (Santa Dulce dos Pobres) foi influenciada pelos valores e
práticas solidárias herdados dos avós, tios, tias, pai e mãe. Seu núcleo familiar era
composto pelo pai, Dr. Augusto Lopes Pontes, dentista e advogado, a mãe, Dona Dulce
Maria de Souza Brito Lopes Pontes, dedicada aos filhos e ao lar, e os irmãos Augusto,
Dulcinha, Aloysio, Geraldo e Regina Maria, que faleceu recém-nascida.

Dr. Augusto, em evento social com os filhos. Santa Dulce é a menina de chapéu branco.
INFÂNCIA
Maria Rita (Santa Dulce dos Pobres), carinhosamente chamada de Mariinha, teve uma
infância alegre. Compartilhava com os irmãos as brincadeiras típicas da época, como a guerra de mamona, empinar arraia, bola de gude e o futebol. Aos quatro anos, ganhou da avó o seu brinquedo favorito, a boneca Celica, conquistada após tomar o Óleo de Rícino, um remédio de gosto desagradável. Aos domingos, Dr. Augusto os levava para o Campo da Graça, onde assistiam aos campeonatos de futebol. Mariinha era torcedora do Esporte Clube Ypiranga e admiradora do jogador Apolinário Santana, conhecido como Popó.

Apolinário Santana, Popó, famoso jogador de futebol, do Clube Ypiranga, comparado por Santa Dulce ao rei Pelé.

Campo da Graça, inaugurado em 15 de novembro
“O maior castigo que eu podia receber, quando pintava muito durante a semana,
era não ir ao futebol aos domingos com o meu pai, para ver Popó jogar.”
Santa Dulce dos Pobres
Em 1921, a sua mãe faleceu, aos 26 anos, de complicações no parto da filha Regina Maria, que também morreu com 33 dias de nascida. Após a morte de Dona Dulce, Dr. Augusto contou com a ajuda de suas irmãs Madaleninha, Georgina e Mariazinha, na educação das crianças. As tias, mulheres profundamente religiosas, proporcionaram uma sólida formação cristã aos sobrinhos. Apesar da pouca convivência com sua mãe, Maria Rita aprendeu com ela a amar a Deus e seguir uma vida piedosa, discreta e caridosa.


As tias paternas: 1. Georgina, 2. Mariazinha e 3. Madaleninha, a que levou Santa Dulce dos Pobres pela primeira vez a uma comunidade carente para partilhar doações e conhecer uma realidade diferente da sua.
Em 1922, Mariinha (Santa Dulce dos Pobres) fez a Primeira Comunhão, na Igreja de
Santo Antônio Além do Carmo, acompanhada pelos irmãos, Augusto e Dulcinha, o primo
Nilton e da amiga Gina Magnavita, numa cerimônia presidida por Monsenhor Tapiranga.


Santa Dulce no dia da Primeira Comunhão.
“Nos dias difíceis, diante do Sacrário, falem com Jesus”.
Santa Dulce dos Pobres
Em 1924, seu pai casou novamente, com a Sra. Alice da Silva Carneiro. A família mudou
para a rua da Independência, no bairro de Nazaré. Dessa união, nasceram Terezinha
(faleceu aos 12 anos) e Ana Maria. A vida transcorria normalmente, com Mariinha e seus
irmãos envolvidos nos estudos, brincadeiras, compromissos religiosos e eventos sociais
com a família.

Dr. Augusto e Sra. Alice, esposa do segundo casamento.
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As irmãs por parte do pai, Terezinha, que faleceu com 12 anos, e Ana Maria.
ADOLESCÊNCIA
A tia Madaleninha, líder da pastoral do Sagrado Coração de Jesus, levou Mariinha, então com 13 anos, para uma experiência diferente da sua realidade. Esse dia foi transformador.

"Desse dia em diante mudou tudo... Terminou o futebol, as brigas, a guerra de mamona. Aí, então, eu já ficava pensando como ajudar os pobres… Desse contato com a pobreza, com a sua miséria, foi que nasceu esse amor pelos pobres."
Santa Dulce dos Pobres.
Mariinha (Santa Dulce dos Pobres) na adolescência.
Depois dessa experiência, Mariinha passou a acompanhar a tia Madaleninha nas visitas às comunidades carentes e também ajudava os mendigos que passavam na frente da sua casa. Houve uma mudança perceptível em sua personalidade, tornando-se uma jovem mais tímida. Ainda aos 13 anos revela ao pai o desejo de ser freira, porém ele sugeriu que primeiro se formasse. Obediente, Maria Rita (Santa Dulce) continuou os estudos na Escola Normal da Bahia.

Santa Dulce dos Pobres com as colegas de escola. Santa Dulce na foto, a última sentada na ponta, encolhida.
Aos 16 anos, frequentando regularmente o Convento do Desterro, conheceu o Frei
Hildebrando Kruthaup, que se tornou seu orientador espiritual, e aos 17 anos, a Madre
Rosa Schüller, superiora da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada
Conceição da Mãe de Deus, no Convento do Carmo, em São Cristóvão-Sergipe.

Frei Hildebrando foi quem encaminhou a carta de recomendação da jovem Maria Rita para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Foi através da Madre Rosa Schüller, que Santa Dulce dos Pobres soube da existência da Congregação e que acendeu em seu coração o desejo de se tornar uma delas.
INÍCIO DA FASE ADULTA
Ao concluir o Magistério, em dezembro de 1932, Dr. Augusto, feliz para comprar o seu anel de formatura, ouve dela a resposta: “Eu não disse que queria ir para o convento?” Diante disso, ele chorou, sem argumentos para adiar o sonho de sua filha.
Dias antes da viagem para o Convento do Carmo, em São Cristóvão-SE, revela à família seu desejo de tornar-se uma missionária na Amazônia e escreve uma Carta Relatório, com uma breve cronologia de sua vida, dos seus sonhos e alegrias.


Carta relatório escrita poucos dias antes de iniciar sua vida religiosa.
Em 8 de fevereiro de 1933, os familiares acompanham Maria Rita (Santa Dulce dos Pobres), na viagem de trem, até a estação de Plataforma, no subúrbio ferroviário de Salvador, onde descem e se despedem emocionados. Ela segue sozinha por 323 quilômetros até a cidade de São Cristóvão-SE. No convento, foi recebida pela Madre Johanna Bödefeld, superiora das noviças.


A fachada e o pátio do Convento do Carmo, em São Cristóvão-SE, onde iniciou a sua vida religiosa, na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Maria Rita (Santa Dulce dos Pobres) vestida com o hábito de postulante. É a terceira da fila de trás, da direita para a esquerda.
O SONHO SE TORNA REALIDADE
Os dias de formação levam ao noviciado, ocorrido no dia 13 de agosto de 1933. Uma cerimônia marcada pela vestição do hábito de freira e pela alegria do nome religioso escolhido pela congregação: Irmã Dulce, uma homenagem a sua mãe.

Interior da Igreja do Carmo, em São Cristóvão-SE, onde ocorreu a cerimônia de vestição do hábito de freira.
Um ano depois, em 15 de agosto de 1934, ocorre a cerimônia dos votos temporários. Seu pai, Dr. Augusto, participa do evento e presencia o juramento de pobreza, castidade e obediência de sua querida filha. Nesse dia, Irmã Dulce (Santa Dulce dos Pobres) recebe o anel com o Cristo Crucificado, feito com a aliança do casamento de sua mãe, e a notícia de que retornaria à cidade natal para as suas primeiras missões, o que não era comum. Quis a Providência Divina que Irmã Dulce se tornasse o Anjo Bom da Bahia.

A jovem freira, no seu momento mais feliz, por ter realizado o sonho de dedicar-se à vida religiosa.
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